sexta-feira, 3 de maio de 2013

Os impactos do colonialismo na África



                                     
UNEB- UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
PROGRAD – ASPES/FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA – UNEB/MEC/CAPES/ PLATAFORMA FREIRE
CURSO DE LICENCIATURA DE HISTÓRIA
DISCIPLINA-HISTÓRIA DA ÁFRICA

                                                                                                                          


SÔNIA MARA DOURADO MARTINS




OS IMPACTOS DO COLONIALISMO NA ÁFRICA E OS DESDOBRAMENTOS DOS PROCESSOS DE DESCOLONIZAÇÃO






Irecê – Bahia
Dezembro/2012
SÔNIA MARA DOURADO MARTINS







OS IMPACTOS DO COLONIALISMO NA ÁFRICA E OS DESDOBRAMENTOS DOS PROCESSOS DE DESCOLONIZAÇÃO





Resumo apresentado como instrumento de avaliação da disciplina História da África, ministrada pelo docente Jorge Nery, componente curricular do curso de Licenciatura em História, 5º módulo do 3º ano, oferecido pelo programa Uneb/Mec/Capes/Plataforma Freire.






                                                    Irecê – Bahia
Dezembro/2012
O texto em questão vem mostrar a discussão feita por dois autores, nos volumes VII (capítulo 30) e VIII (capítulo 1) da coleção História Geral da África, onde abordarão especificamente sobre a colonização européia no continente africano e o impacto da mesma, desde 1880 - 1935 e posterior a 1935.
Iniciarei com o autor Albert Adu Boahen que no capítulo 30 do Vol. VII traz uma discussão adversa de autores para mostrar o impacto do colonialismo europeu no continente africano, que para uns foi positivo e para outros, negativo, de forma bem detalhada. Ele deixa claro em seu texto que os aspectos positivos desde o início na maior parte, não é de origem intencional: trata-se antes de consequências acidentais ou de medidas destinadas a defender os interesses dos colonizadores, já as negativas, tem ainda que apontar a existência de razões, boas, mas ou indiferentes pelas quais certas coisas não se realizaram.
Ele nos apresenta alguns autores como P. C. Lloyda que afirmam ter sido positiva a colonização tanto no setor político, social como no econômico, alegando que se não fosse às potências coloniais a proporcionarem toda a infraestrutura da qual dependeu o progresso na época da independência, a África jamais conheceria em tão curto prazo o desenvolvimento. Porém, o colonialismo político veio pra revolucionar instaurando um grau maior de paz e estabilidade na África e a criação geopolítica de modernos Estados africanos independentes, mas, o mais impactante foi o desenvolvimento do nacionalismo e o surgimento do pan-africanismo. Todavia, se os efeitos positivos do colonialismo são inegáveis, seus aspectos negativos são ainda mais marcantes.
Quanto à criação geopolítica de modernos Estados mesmo que tenha sido um êxito (de forma acidental), há de se concordar que ela mais levanta do que resolve problemas. Concordemos que foi de caráter camuflado e arbitrário, já que com estas fronteiras, dividiram grupos étnicos já existentes e recortaram Estados e reinos, o que provoca inquietações sociais e deslocamentos, prejudicando as relações de alguns destes estados africanos independentes.
Outra consequencia desta divisão de Estados que surgiram, é que apresenta superfícies diferentes, recursos naturais e possibilidades econômicas desiguais. Levando alguns países a ficarem com muito terreno, riquezas minerais e naturais do que outros, sem contar que alguns são voltados para o litoral propiciando a expansão do comércio, enquanto outros nem se quer passa por perto do oceano e também alguns com uma só fronteira para vigiar enquanto outros têm várias.  Agravando o problema de segurança e de controlo de contrabando no país, estes são alguns dos aspectos negativos da colonização destacado pelo autor.
Estas acima denominadas de impactos da colonização econômica que foi tão agressiva tal como a política, pior ainda, que desta não conseguimos extrair se quer um mínimo de positivo, já que o desenvolvimento que lhe foi instalada como as ferrovias, telégrafos... Não haviam sido construídas para abrir o país, mas apenas para ligar com o mar as zonas dotadas de jazidas minerais e de potencial para a produção de safras comerciais ou, para ligar áreas de produção interna ao mercado mundial de mercadorias primária, inserido a África no mundo capitalista monetário (do dinheiro), agora imagine os países que não se enquadravam nestas características como vimos à cima.
 Daí as gritantes desigualdades econômicas dentro de uma mesma colônia, que acentuavam por sua vez, as diferenças e os sentimentos regionais, o que representou grande obstáculo a constituição das nações na África independente. Isto nos leva a ver como a economia da África foi brutalmente explorada pelos colonizadores que inseriu as economias do continente na ordem econômica mundial, mas de forma bastante desvantajosa e exploradora, e as coisas praticamente não mudaram depois disso. Seu impacto sobre os africanos não só foi traumático como precipitou a economia numa direção doentia e alienada, da qual ela não conseguiu ainda desviar-se.
 Quanto ao impacto social da colonização, o que mais marcou foi o nascimento pelo sentimento nacionalista entre os africanos. Outro impacto importante foi no aumento da população, diminuição da miséria, fome, doença, mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida, sem dúvida nenhuma com o crescimento urbano rápido e com ele o desenvolvimento que surge para melhorar a vida de seus habitantes, mas, por outro lado também aumenta o número de desigualdade social entre a população urbana com a população rural (ponto negativo), sabemos que o desenvolvimento posterior deste e, portanto, de sua história foi e continuará a ser muito influenciado pelo impacto do colonialismo.
Isto leva-nos a notarmos como a África ficou vulnerável por algum tempo nas mãos destes colonizadores, imputando a mentalidade entre os africanos, de que a propriedade pública não pertencia ao povo, mas as autoridades coloniais brancas, podendo e devendo estas assim tirar proveito dela em todas as oportunidades tanto politicamente como economicamente, mas, que ao mesmo tempo esta condição lhes deu força para sair desta situação de submissa, de humilhada, opressiva, e de como esta condição de colonizada instigou jovens, homens adultos e mulheres a lutarem pela libertação e para seu próprio reconhecimento nacionalista (africanos se aceitarem, identificarem como africanos) conhecido como pan-africanismo, como vamos ver com mais clareza no texto de Ali A. Mazrui.
No capítulo 1 do Vol. VIII, o autor Ali A. Mazrui, subdivide o estudo da História da África em três domínios: cultural, econômico e político. Cultural não só no significado artístico, mas sim, em sua significação mais vasta, voltada aos valores e às tradições, em sua amplitude de compreensão horizontal que vai desde o religioso à literatura; no econômico ele apresenta uma abordagem dos modos de consumo africanos e das modalidades de trocas, e, no quesito política, traz uma definição da política da África mostrando o ponto de vista dos desafios do poder e da autoridade, como também às lutas de libertação.
No campo cultural ele faz um levantamento histórico de como foi este processo na África do século XX, período este que ele denomina de fase de africanização sob a responsabilidade das influencias culturais vinda de fora. Na religião, as Igrejas Cristãs afirmaram identidade com maior autoconfiança na África Central e Meridional, já o Senegal experimentou com mais força a africanização do islamismo. Na língua e na literatura puxando mais para o ramo teatral, esse nos leva a  perceber no decorrer do texto que as peças produzidas na África neste período tinham mais cognação com a libertação do que com o desenvolvimento.
No domínio econômico mesmo com toda exploração colonial ele faz uma abordagem ao mesmo tempo a nível global como local sobre os problemas relativos à pobreza e o subdesenvolvimento. Já que a África passou por tempos anteriores longos de miséria, mostrando alguns dados de melhora para o continente, como: a mortalidade infantil que abaixou de 40% para 24%. Indicando que a qualidade de vida passa de 40 para 50 anos. Em 1986, foi possível mostrar que a produção alimentícia cresceu mais que a população, dados bons para um país que já sofrera tanto com a fome.
Na política do período em questão, ele aborda os principais processos estudados que são a libertação, a formação do Estado e a edificação da nação. Dando ênfase nas mudanças políticas, onde certas sucessões eram resultantes de uma guerra, um assassinato, uma demissão, sucessão segurada por eleição (bem raras), uma retirada voluntária ou de um golpe de Estado foram os mais frequentes (cerca de 70, ao norte da linha do Equador) entre civis e militares. O autor vai pontuando acontecimentos marcantes tais como a luta dos africanos contra governos dominados por minoria branca, e na África pós-colonial o combate contra o neocolonialismo.
Mazrui, neste texto mostra que a história da África contemporânea não pode ser compreendida plenamente senão quando inserida no contexto mais amplo da história mundial. O que se extrai da história do período observado consiste, por um lado, na maneira pela qual a África ajudou a Europa a se humanizar e, por outro lado, os meios pelos quais a Europa contribuiu para a reafricanização da África.
Ele deixa claro que os anos decorridos desde 1935, constituem, em particular, um período da história durante o qual o mundo ocidental relembrou aos africanos, involuntariamente, a sua identidade pan-africana. Isso não quer dizer que os africanos necessitaram dos europeus para descobrir sua identidade, (como já vimos anteriormente no texto de Albert Boahen), mas, foi com o imperialismo europeu que os africanos despertaram para a retomada de consciência continental. Com isso várias nações africanas que não conseguiam se reconhecer como parte da África exemplo disso: foi à Etiópia, passaram a se reconhecer enquanto dinastia africana reinando sobre um povo africano.
O autor a todo o momento quer divulgar a participação da África na história global. Não só como continente opressivo, fraco, miserável, submisso, mas sim, um continente ativo com grande contribuição para a história mundial. Tanto no apoio econômico já que é um continente riquíssimo em minérios, como na cultura, e porque não na política? Mudando assim o destino de muitos outros países especificamente os europeus. No decorrer do texto ele vai discorrendo acontecimentos distintos em todo o continente, como: guerras de libertação, sucessões políticas..., mostrando os reflexos de tais acontecimentos na esfera da história global.
Ele nos apresenta um povo, que soube através da sua colonização se reconhecer como nação. Povo este que atravessou por cima de toda opressão, racismo, humilhação, dominação e passa a se reconhecer como “irmãos africanos”, cultivando uma consciência negra que diante de uma face européia se viam como apenas um. Mostrando que o povo africano não é um povo acomodado que espera as decisões de fora em seu território e sim povo guerreiro que não se conforma com o que lhe é imposto.
Nesta luta acirrada que a África tinha levantado contra a opressão dos europeus e nas lutas armadas pela libertação vale destacar também a participação significativa das mulheres africanas, que se serviu do voto como elemento do processo de libertação e que em alguns países pegaram em armas e como “guerreiras” contribuiu bastante pela libertação de vários países africanos. Destaque maior pelas guerreiras muçulmanas dissimuladas e a sul- africana Dulcie September que representava Congresso Nacional Africano (CNA), junto a UNESCO, da Suíça e de Luxemburgo, até o dia em que ela pagou com sua vida pelo seu patriotismo em 1988.
Este volume vem mostrar com detalhes a luta armada dos africanos contra qualquer ato de humilhação e opressão, desde o racismo impregnado não só na África do Sul (com a apartheid) onde este foi mais forte, mas em todo o continente, como também a luta acirrada da libertação (por fim na colonização/imperialismo europeu) e principalmente contra o neocolonialismo. Mostrando que Foram necessárias as lutas conjuntas dos povos africanos, enquanto esses se dedicavam a transformar o destino de seu próprio país, eles também mudavam, sem talvez se dar conta naquele momento, o curso da história do mundo ocidental.
Vimos que o colonialismo representou um episódio longo e rico na história africana e até mesmo mundial, mas, sem provocar ruptura drástica, pois os africanos conservaram certo poder de controle sobre seu próprio destino, assim, os europeus não conseguiram produzir um rumo inteiramente novo na história da África.


REFERENCIAS:

História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / editado por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.

História geral da África, VIII: África desde 1935 / editado por Ali A. Mazrui e
Christophe Wondji. – Brasília: UNESCO, 2010. 1272 p.








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