UNEB- UNIVERSIDADE DO
ESTADO DA BAHIA
PROGRAD – ASPES/FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO
BÁSICA – UNEB/MEC/CAPES/ PLATAFORMA FREIRE
CURSO DE LICENCIATURA DE HISTÓRIA
DISCIPLINA-HISTÓRIA DA ÁFRICA
SÔNIA
MARA DOURADO MARTINS
OS
IMPACTOS DO COLONIALISMO NA ÁFRICA E OS DESDOBRAMENTOS DOS PROCESSOS DE
DESCOLONIZAÇÃO
Irecê – Bahia
Dezembro/2012
SÔNIA MARA DOURADO
MARTINS
OS
IMPACTOS DO COLONIALISMO NA ÁFRICA E OS DESDOBRAMENTOS DOS PROCESSOS DE
DESCOLONIZAÇÃO
Resumo apresentado como instrumento de avaliação da disciplina História
da África, ministrada pelo docente Jorge Nery, componente curricular do curso
de Licenciatura em História, 5º módulo do 3º ano, oferecido pelo programa Uneb/Mec/Capes/Plataforma Freire.
Irecê – Bahia
Dezembro/2012
O texto em questão vem mostrar a discussão feita por dois
autores, nos volumes VII (capítulo 30) e VIII (capítulo 1) da coleção História
Geral da África, onde abordarão especificamente sobre a colonização européia no
continente africano e o impacto da mesma, desde 1880 - 1935 e posterior a 1935.
Iniciarei com o autor Albert Adu Boahen que no capítulo
30 do Vol. VII traz uma discussão adversa de autores para mostrar o impacto do
colonialismo europeu no continente africano, que para uns foi positivo e para outros,
negativo, de forma bem detalhada. Ele deixa claro em seu texto que os aspectos
positivos desde o início
na maior parte, não é de origem intencional: trata-se antes de consequências
acidentais ou de medidas destinadas a defender os interesses dos colonizadores,
já as negativas, tem ainda que apontar a existência de razões, boas, mas ou
indiferentes pelas quais certas coisas não se realizaram.
Ele nos apresenta alguns autores como P. C. Lloyda que
afirmam ter sido positiva a colonização tanto no setor político, social como no
econômico, alegando que se não fosse às
potências coloniais a proporcionarem toda a infraestrutura da qual dependeu o
progresso na época da independência, a África jamais conheceria em tão curto
prazo o desenvolvimento. Porém, o colonialismo político veio pra revolucionar
instaurando um grau maior de paz e estabilidade na África e a criação geopolítica
de modernos Estados africanos independentes, mas, o mais impactante foi o
desenvolvimento do nacionalismo e o surgimento do pan-africanismo. Todavia, se
os efeitos positivos do colonialismo são inegáveis, seus aspectos negativos são
ainda mais marcantes.
Quanto à
criação geopolítica de modernos Estados mesmo que tenha sido um êxito (de forma
acidental), há de se
concordar que ela mais levanta do que resolve problemas. Concordemos que foi de
caráter camuflado e arbitrário, já que com estas fronteiras, dividiram grupos
étnicos já existentes e recortaram Estados e reinos, o que provoca inquietações
sociais e deslocamentos, prejudicando as relações de alguns destes estados
africanos independentes.
Outra consequencia desta divisão de Estados que surgiram, é que apresenta
superfícies diferentes, recursos naturais e possibilidades econômicas
desiguais. Levando alguns países a ficarem com muito terreno, riquezas minerais
e naturais do que outros, sem contar que alguns são voltados para o litoral
propiciando a expansão do comércio, enquanto outros nem se quer passa por perto
do oceano e também alguns com uma só fronteira para vigiar enquanto outros têm várias. Agravando o problema de segurança e de
controlo de contrabando no país, estes são alguns dos aspectos negativos da
colonização destacado pelo autor.
Estas acima denominadas de impactos da colonização econômica que foi tão
agressiva tal como a política, pior ainda, que desta não conseguimos extrair se
quer um mínimo de positivo, já que o desenvolvimento que lhe foi instalada como
as ferrovias, telégrafos... Não
haviam sido construídas para abrir o país, mas apenas para ligar com o mar as
zonas dotadas de jazidas minerais e de potencial para a produção de safras
comerciais ou, para ligar áreas de produção interna ao mercado
mundial de mercadorias primária, inserido a África no mundo capitalista
monetário (do dinheiro), agora imagine os países que não se enquadravam nestas
características como vimos à cima.
Daí as gritantes
desigualdades econômicas dentro de uma mesma colônia, que acentuavam por sua
vez, as diferenças e os sentimentos regionais, o que representou grande obstáculo
a constituição das nações na África independente. Isto nos leva a ver como a
economia da África foi brutalmente explorada pelos colonizadores que inseriu as
economias do continente na ordem econômica mundial, mas de forma bastante
desvantajosa e exploradora, e as coisas praticamente não mudaram depois disso. Seu
impacto sobre os africanos não só foi traumático como precipitou a economia numa
direção doentia e alienada, da qual ela não conseguiu ainda desviar-se.
Quanto ao impacto social da
colonização, o que mais marcou foi o nascimento pelo sentimento nacionalista
entre os africanos. Outro impacto importante foi no aumento da população,
diminuição da miséria, fome, doença, mortalidade infantil e aumento da
expectativa de vida, sem dúvida nenhuma com o crescimento urbano rápido e com
ele o desenvolvimento que surge para melhorar a vida de seus habitantes, mas,
por outro lado também aumenta o número de desigualdade social entre a população
urbana com a população rural (ponto negativo), sabemos que o desenvolvimento
posterior deste e, portanto, de sua história foi e continuará a ser muito
influenciado pelo impacto do colonialismo.
Isto leva-nos a notarmos como a África ficou vulnerável por algum tempo
nas mãos destes colonizadores, imputando
a mentalidade entre os africanos, de que a propriedade pública não pertencia ao
povo, mas as autoridades coloniais brancas, podendo e devendo estas assim tirar
proveito dela em todas as oportunidades tanto politicamente como
economicamente, mas, que ao mesmo tempo esta condição lhes deu força para sair
desta situação de submissa, de humilhada, opressiva, e de como esta condição de
colonizada instigou jovens, homens adultos e mulheres a lutarem pela libertação
e para seu próprio reconhecimento nacionalista (africanos se aceitarem,
identificarem como africanos) conhecido como pan-africanismo, como vamos ver
com mais clareza no texto de Ali A. Mazrui.
No capítulo 1 do Vol. VIII, o autor Ali A. Mazrui,
subdivide o estudo da História da África em três domínios: cultural, econômico
e político. Cultural não só no
significado artístico, mas sim, em sua significação mais vasta, voltada aos
valores e às tradições, em sua amplitude de compreensão horizontal que vai
desde o religioso à literatura; no econômico
ele apresenta uma abordagem dos modos de consumo africanos e das modalidades de
trocas, e,
no quesito política, traz uma
definição da política da África mostrando o ponto de vista dos desafios do
poder e da autoridade, como também às
lutas de libertação.
No campo
cultural ele faz um levantamento histórico de como foi este processo na África
do século XX, período este que ele denomina de fase de africanização sob a
responsabilidade das influencias culturais vinda de fora. Na religião, as
Igrejas Cristãs afirmaram identidade com maior autoconfiança na África Central
e Meridional, já o Senegal experimentou com mais força a africanização do
islamismo. Na língua e na literatura puxando mais para o ramo teatral, esse nos
leva a perceber no decorrer do texto que
as peças produzidas na África neste período tinham mais cognação com a libertação do que com o desenvolvimento.
No domínio econômico mesmo com toda exploração colonial ele faz uma
abordagem ao mesmo tempo a nível global como local sobre os problemas relativos
à pobreza e o subdesenvolvimento. Já que a África passou por tempos anteriores
longos de miséria, mostrando alguns dados de melhora para o continente, como: a
mortalidade infantil que abaixou de 40% para 24%. Indicando que a qualidade de
vida passa de 40 para 50 anos. Em 1986, foi possível mostrar que a produção
alimentícia cresceu mais que a população, dados bons para um país que já
sofrera tanto com a fome.
Na política do período em questão, ele aborda os principais processos
estudados que são a libertação, a
formação do Estado e a edificação da nação. Dando ênfase nas mudanças
políticas, onde certas sucessões eram resultantes de uma guerra, um assassinato,
uma demissão, sucessão segurada por eleição (bem raras), uma retirada voluntária
ou de um golpe de Estado foram os mais frequentes (cerca de 70, ao norte da
linha do Equador) entre civis e militares. O autor vai pontuando acontecimentos
marcantes tais como a luta dos africanos contra governos dominados por minoria
branca, e na África pós-colonial o combate contra o neocolonialismo.
Mazrui, neste texto mostra que a história da África
contemporânea não pode ser compreendida plenamente senão quando inserida no
contexto mais amplo da história mundial. O que se extrai da história do período
observado consiste, por um lado, na maneira pela qual a África ajudou a Europa
a se humanizar e, por outro lado, os meios pelos quais a Europa contribuiu para
a reafricanização da África.
Ele deixa claro que os anos decorridos desde 1935, constituem,
em particular, um período da história durante o qual o mundo ocidental
relembrou aos africanos, involuntariamente, a sua identidade pan-africana. Isso
não quer dizer que os africanos necessitaram dos europeus para descobrir sua
identidade, (como já vimos anteriormente no texto de Albert Boahen), mas, foi
com o imperialismo europeu que os africanos despertaram para a retomada de
consciência continental. Com isso várias nações africanas que não conseguiam se
reconhecer como parte da África exemplo disso: foi à Etiópia, passaram a se
reconhecer enquanto dinastia africana reinando sobre um povo africano.
O autor a todo o momento quer divulgar a
participação da África na história global. Não só como continente opressivo,
fraco, miserável, submisso, mas sim, um continente ativo com grande
contribuição para a história mundial. Tanto no apoio econômico já que é um
continente riquíssimo em minérios, como na cultura, e porque não na política?
Mudando assim o destino de muitos outros países especificamente os europeus. No
decorrer do texto ele vai discorrendo acontecimentos distintos em todo o
continente, como: guerras de libertação, sucessões políticas..., mostrando os
reflexos de tais acontecimentos na esfera da história global.
Ele nos apresenta um povo, que soube através da sua colonização se
reconhecer como nação. Povo este que atravessou por cima de toda opressão,
racismo, humilhação, dominação e passa a se reconhecer como “irmãos africanos”,
cultivando uma consciência negra que diante de uma face européia se viam como
apenas um. Mostrando que o povo africano não é um povo acomodado que espera as
decisões de fora em seu território e sim povo guerreiro que não se conforma com
o que lhe é imposto.
Nesta luta acirrada que a África tinha levantado contra a opressão dos
europeus e nas lutas armadas pela libertação vale destacar também a
participação significativa das mulheres africanas, que se serviu do voto como
elemento do processo de libertação e que em alguns países pegaram em armas e
como “guerreiras” contribuiu bastante pela libertação de vários países
africanos. Destaque maior pelas guerreiras muçulmanas dissimuladas e a sul-
africana Dulcie September que representava Congresso Nacional Africano (CNA),
junto a UNESCO, da Suíça e de Luxemburgo, até o dia em que ela pagou com sua
vida pelo seu patriotismo em 1988.
Este volume vem mostrar com detalhes a luta armada dos africanos contra
qualquer ato de humilhação e opressão, desde o racismo impregnado não só na
África do Sul (com a apartheid) onde este foi mais forte, mas em todo o
continente, como também a luta acirrada da libertação (por fim na
colonização/imperialismo europeu) e principalmente contra o neocolonialismo.
Mostrando que Foram necessárias as lutas conjuntas dos povos africanos, enquanto
esses se dedicavam a transformar o destino de seu próprio país, eles também
mudavam, sem talvez se dar conta naquele momento, o curso da história do mundo
ocidental.
Vimos que o colonialismo representou um episódio longo e rico
na história africana e até mesmo mundial, mas, sem provocar ruptura drástica,
pois os africanos conservaram certo poder de controle sobre seu próprio destino,
assim, os europeus não conseguiram produzir um rumo inteiramente novo na história
da África.
REFERENCIAS:
História
geral da África, VII: África sob
dominação colonial, 1880-1935 / editado por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev.
– Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.
História
geral da África, VIII: África desde 1935
/ editado por Ali A. Mazrui e
Christophe
Wondji. – Brasília: UNESCO, 2010. 1272 p.
obriga
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