sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Reforma Calvinista

                                         
UNEB- UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
PROGRAD – ASPES/FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA – UNEB/MEC/CAPES/ PLATAFORMA FREIRE
CURSO DE LICENCIATURA DE HISTÓRIA
DISCIPLINA-HISTÓRIA MODERNA


                                                                                                                         


SÔNIA MARA DOURADO MARTINS




RELATÓRIO:
A REFORMA CALVINISTA





Irecê – Bahia
2012

SÔNIA MARA DOURADO MARTINS









RELATÓRIO:
A REFORMA CALVINISTA


Relatório apresentado como instrumento de avaliação da disciplina História Moderna, ministrada pelo docente Claudinei Alves, componente curricular do curso de Licenciatura em História, 11º módulo do 2º ano, oferecido pelo programa Uneb/Mec/Capes/Plataforma Freire.





Irecê – Bahia
2012
A Reforma Calvinista
Durante o período da Idade Média, a Igreja Católica acumulou muito poder. Ela era rica, possuía vários feudos e quase todas as pessoas, inclusive os nobres, lhe pagavam taxas (dízimos), exercia influência diretamente no dia-a-dia das pessoas, obrigando-as a se comportarem de acordo com as regras estabelecidas por ela.
    Apesar da grande influência que até então exercia na sociedade européia, a Igreja Católica, a partir do século XIV, começou a enfrentar severas críticas, tanto por suas idéias e normas quanto pelo comportamento de alguns membros do clero. Entretanto, sua força e seu poder afastavam-na da vida espiritual de seus fiéis, pois muitos membros do clero usavam a fé das pessoas para acumular bens, riqueza e poder. E nos séculos XV e XVI começa a brotar idéias que estimulavam as pessoas a questionarem a riqueza e o poder da Igreja. Nobres, burgueses e pessoas do povo se perguntavam: Por que devemos nos sacrificar pagando tantos impostos à Igreja? Por que devemos sempre obedecer aos padres? Por que preciso deles para entrar em contato com Deus?
    Criticavam a falta de preparo moral, intelectual e religioso de muitos membros do clero, já que a cúpula política da Igreja se encontrava em um alto grau de corrupção, entregando cargos eclesiásticos muitas vezes a membros das mais ricas famílias aristocráticas da Itália. E por que os mesmos dedicavam mais aos bens materiais do que à conquista e à salvação dos fiéis, além disso, desvios de conduta da própria Igreja eram considerados abusivos, tais como a exploração da boa fé do povo, com a venda das indulgências para a salvação da alma.
Neste cenário social de resistência e crítica às posições tradicionais da Igreja Católica, acabou resultando num amplo movimento de contestação e de divisão da Igreja cristã na Europa, processo conhecido como Reforma Religiosa, responsável pela criação das Igrejas Protestantes, cujos líderes foram perseguidos e alguns presos, em toda Europa acusado de heresia. Neste relatório não vamos adentrar em todas as reformas (originando novas religiões) e sim, iremos focar exclusivamente em uma só que surgiu no início da Idade Moderna em Genebra na Suíça, que é a Calvinista.
Ocorrido como um desdobramento da Reforma Luterana, o movimento Calvinista foi uma das principais religiões surgidas durante a Reforma Protestante, na Suíça em 1536. Criada pelo teólogo João Calvino ( excelente  orador e escritor, autor de vários livros),  que nasceu na França em 1509, foi encaminhado à carreira eclesiástica por seu pai, acedeu à Reforma em 1533 e ainda jovem aderiu às idéias reformistas de Lutero.
Por conta de suas idéias, no intuito de disseminar outra compreensão sobre as questões de fé levantadas por Martinho Lutero, foi perseguido na sua terra natal. Fugindo da perseguição na França, chega à Suíça. Esteve na Basiléia e depois se fixou em Genebra (Suíça), rica cidade de mercadores, palco da ação de uma crescente burguesia, transformou-a em sua “Jerusalém reconstruída, através do desenvolvimento de suas idéias religiosas onde encontrou o terreno já preparado pelo padre reformador suíço Ulrich Zwinglio, que trouxe as idéias luteranas para o país no qual teve grande aceitação por parte da burguesia local. Idéias estas que já haviam gerado um violento conflito entre reformistas e católicos entre 1529 a 1531, onde Zwinglio foi morto no último ano de conflito. Em Genebra publicou a obra “Instituição da Religião Cristã” (1536), que expôs os fundamentos de sua doutrina, de onde controlava rigidamente os costumes da sociedade.
Calvino com suas pregações conseguiu rápido sucesso na Suíça, onde conquistou a posição de chefe político e religioso, governando Genebra com poder absoluto, através das Ordenações Eclesiásticas, implantou leis rígidas, que davam à sua Igreja o controle total sobre a vida religiosa, moral e política dos cidadãos, encarregando funcionários de fiscalizar a moral pública e particular dos hábitos e costumes das pessoas. A nova Igreja dividiu-se em fiéis, pastores e um conselho, o Consistório, que possuía amplos poderes
O Consistório, órgão que era à base da sua doutrina religiosa, composto por três sacerdotes da cidade e 12 dos mais respeitados burgueses eleitos por um conselho municipal. Este regulava a vida dos habitantes com o mesmo rigor da inquisição. O Calvinismo ao contrário da luterana que manteve traços da Igreja Católica eliminou qualquer vestígio desta, guardando o sábado como o dia mais sagrado da semana em oposição à estas que guardavam o domingo,  dava ênfase à ética e à moral e atribuía também às virtudes do trabalho, elementos essenciais à sua doutrina, algo condenado por ambas.
A Reforma Calvinista foi mais rígida do que a Luterana. Suas práticas religiosas eram simples, resumindo-se apenas no comentário da Bíblia, preces e cantos, em Igrejas despojadas de imagens, e apenas os sacramentos da eucaristia e do batismo foram conservados, os pastores não eram tidos como intermediário de Deus e sim, homens simples fiéis encarregados da pregação e das preces. Pregava a salvação pela fé e acreditava que cabia somente a Deus escolher o que tinham fé e, conseqüentemente, alcançariam o Céu após a morte, ou seja, aprofundou a idéia da predestinação, afirmando que o destino de todos os seres humanos estava marcado pelo pecado original transmitido por Eva e Adão.
 Segundo ele, Deus teria escolhido alguns (os predestinados), que seriam salvos e teriam vida eterna, enquanto os demais seriam condenados a ir para o inferno, desde o dia do seu nascimento baseada na predestinação, ou seja, a simplicidade, poupança, boa conduta, bons costumes, seriedade e pensamento sempre voltado para Deus é que lhes trariam a salvação, e, via na riqueza, desde que adquirida com o trabalho honesto e todas as atividades produtivas e comerciais (artesanato, manufatura) um sinal de Deus que  eram aprovadas pelos burgueses, porque queriam enriquecer e acumular riqueza, assim como o lucro e até a cobrança de juros ou, empréstimos de dinheiro a juro (usura), que deixou de ser um pecado como era visto pela Igreja Católica e via na miséria a fonte de todos os males e pecados.
Assim, Calvino passou a ser considerado o pregador espiritual do ideal Capitalistas, mas, ele deixava bem claro que certamente não é o nobre, que não faz nada e desperdiça suas riquezas com o luxo, mas, quem trabalha duro, poupa o dinheiro que recebeu e está sempre preocupado com o crescimento de seus negócios agrada a Deus, pois quem agrada a Deus e tem fé é exatamente o predestinado à salvação. Tudo isso mostra o que muitos estudiosos imputam que os valores calvinistas estimulavam e desempenhava um papel histórico importante no advento e fortalecimento do capitalismo.
A doutrina Calvinista além das citadas a cima, também se ver reconhecida na ausência de um chefe religioso, a permissão para o casamento dos pastores e a abolição do culto aos santos. Os divertimentos (bailes, jogos, teatro, música...), o adultério, a feitiçaria, a vaidade de usar jóias e roupas luxuosas, a oposição ao calvinismo, o sexo antes do casamento, eram considerados pecados graves, porque afastavam as pessoas de Deus e das obrigações. Esses rigores a uma vida voltada para o trabalho criaram a chamada moral puritana, conquistando adeptos em outras regiões da Europa no qual ganhou diferentes nomes.
Puritanos foi como os seguidores do calvinismo na Inglaterra ficaram conhecidos por causa do tipo de comportamento, marcado pela seriedade, pela austeridade inclusive no vestir e pela dedicação ao trabalho;na França foram chamados de huguenotes e na Escócia onde as idéias calvinista foi implantada por Jonh Knox, a Igreja foi organizada a partir de conselhos e pastores, os presbíteros, daí a designação de presbiterianos.
Em suma, vimos que muitas idéias de Calvino eram controversas, mas nenhum outro reformador fez tanto para obrigar as pessoas a pensar sobre a ética social e cristã. A partir destas preocupações, desenvolveu a Igreja que hoje chamamos de Presbiteriana. Organizou o governo da Igreja de forma diferente do governo civil, de maneira que um corpo organizado de homens da Igreja pudesse trabalhar visando à reforma social, sendo o primeiro líder protestante da Europa a conseguir independência parcial da mesma em relação ao Estado. E que os sinais do favor de Deus estariam ligados a condução de uma vida materialmente próspera, ocupada pelo trabalho e afastada das ostentações materiais. 
                                                                                                           

 




   
   















   
REFERÊNCIAS:
Almanaque de História. Ano 2, Nº 4.- São Paulo: On line  Editora, 2011.
BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. - História: das cavernas ao terceiro milênio. - 2ª Ed. - São Paulo: Moderna, 2006.
Educação. uol.com. br/historia/reformas-religiosas, no dia 03/04/2012
MARANHÃO, Ricardo e ANTUNES, Maria Fernanda. - Trabalho e civilização: uma História global. - 1ª Ed. - São Paulo: Moderna, 1999.
PANAZZO, Silvia e VAZ, Maria Luísa. Navegando pela História. 1ª Ed. - São Paulo: Quinteto Editorial, 2002.
RIBEIRO, Vanise e ANASTASIA, Carla. - Encontros com a História. - 1ª Ed.- Curitiba-PR: Positivo, 2006.
SCHIMIDT, Mario. Nova História crítica. - 3ª Ed.- São Paulo: Nova Geração, 2002.
VICENTINO, Cláudio. - História Integrada: O mundo da Idade Moderna. - 3ª Ed.- São Paulo: Scipione, 2001.
WWW.renovado.kit.net/calvino.htm, no dia 03/02/2012
WWW.brasilescola.com/calvino, no dia 03/04/2012

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